A natureza dos processos criativos
Você se considera
criativo?
Para ser criativo, é
necessário pensar de formas diferentes?
Já se sentiu diferente?
Estranho, excêntrico e até insano?
Em enumeráveis períodos
da história humana, pensar fora da caixa foi (e ainda pode ser) um indício de
anormalidade.
O engajamento em formas
cotidianas de criatividade original não necessita obrigatoriamente de
sofrimento por parte de um criador. Contudo, o sofrimento é um componente de
uma doença mental e, apesar das crenças tradicionais sobre as pessoas criativas
enfermas, tal perturbação pouco contribui para os insights de inspiração e
criatividade.
É claro que praticar
arte em suas variadas formas – como escrever um livro, pintar um quadro,
elaborar um filme ou criar uma ilustração – pode tornar alguém mais curioso,
espontâneo, energético e entusiasmado, além de intrinsecamente motivado por sua
atividade.
Segundo Rothenberg:
“A alegação comum é que
a extrema euforia e produtividade são características tanto do trabalho criativo
quanto de doenças bipolares. Como a doença, no entanto, esses recursos são
involuntários, desprovidos de julgamento, e distorcidos, ao passo que a
criatividade dos produtores é proposital, e resulta em euforia quase sempre da
realização excepcional.”
Zorana Ivcevic, doutora
em psicologia na Universidade de Tufts, realizou uma pesquisa sobre diferenças
comportamentais entre criativos e pessoas que não costumam exercer a
criatividade em suas atividades cotidianas. Aqueles com alta pontuação na
criatividade relataram sentir uma maior sensação de bem-estar e crescimento
pessoal em comparação com seus colegas que se envolveram menos em
comportamentos criativos diários.
Apesar de muitos
criativos terem vivenciado experiências traumáticas em estágios de vida iniciais,
essas pessoas, através de sua arte, podem transformar adversidade em
crescimento criativo e pessoal.
De acordo com
Rothenberg, quando uma pessoa criativa é doente mental, a produção de criatividade
deve ser realizada durante os períodos de baixa atividade dos sintomas de
ansiedade.
Isso é adequado porque a ansiedade produz
medo e, possivelmente, paralisa o indivíduo, enquanto a criatividade envolve a
capacidade de se mexer, mudar e melhorar todos os aspectos de um ambiente.
Existem muitas
pesquisas mostrando que a criatividade está ligada ao funcionamento normal e
saúde mental elevada. Os processos criativos são, em boa parte, conscientes,
não súbitos momentos de falta de discernimento, e esse trabalho árduo também
destaca uma pessoa altamente produtiva.
Quando uma pessoa se
envolve no trabalho criativo, ela atinge um estágio de “experiência de pico”,
que representa o auge do desempenho humano eficaz.
Quando pacientes com transtornos mentais são
informados de que há uma ligação entre sua doença e criatividade, isso aumenta
sua moral e autoestima. E eles são mais propensos a tomar a medicação e se
cuidar quando ficam sabendo que, controlando suas desordens, podem melhorar seu
potencial produtivo.
Dessa maneira, as
pessoas com doenças mentais podem se motivar ao transformarem suas patologias
em recursos de criação, ao invés de se limitarem por seus problemas opressores.
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