terça-feira, 19 de agosto de 2014

O Feminino - Grupo de Mulheres

A Sociedade Matriarcal


O Feminino

À partir do começo do século XX passamos à ter noção que a humanidade sofreu uma grande mudança de valores desde as suas origens mais remotas. Arqueólogos, mitologistas e historiadores como Marija Gimbutas, James Mellart, Merlin Stone, Riane Eisler, entre outros, descobriram que a humanidade tinha uma relação com  o universo feminino desde 24.000/30.000 anos muito diferente dos 2.000 à 3.000 anos atrás. A mulher era respeitada e adorada pelas suas qualidades femininas. Inclusive o feminino em si era o que trazia segurança, alegria, esperança, renovação, adoração e respeito nos agrupamentos humanos. É comum chamarmos esse período como “matriarcal”.

Atualmente se sabe que é uma consideração errônea, pois o “matriarcal” se refere ao domínio do sexo feminino sobre o masculino, como o que vemos no patriarcal dos nossos tempos. Ao observar os restos mortais desses povos e outros estudos analisados, arqueólogos chegaram à conclusão que não havia um domínio de um sexo sobre outro. A mulher tinha seu valor assim como o homem, e a sociedade reconhecia a importância de todos e cada um tinha seu lugar.
Por diversas razões, a nossa sociedade se tornou patriarcal, os valores mudaram para uma supervalorização das qualidades do sexo masculino, as qualidades femininas aceitas se tornaram enfraquecidas e desconsideradas. As mulheres tendo que se adaptar ao mundo em que vivem, esqueceu quem são, seus valores. O feminino se torna desconhecido, mesmo que ainda habite dentro de cada uma de nós. Todo esse processo histórico resulta no fato que a mulher  se tornou um ser perdido, sofrendo dos próprios movimentos internos que não encontram espaço na sociedade para existir. Muitas vezes ela se adapta em adotando atitudes masculinas para sobreviver e se afirmar.


Um grupo de mulheres representa uma possibilidade de re-apropriação dessas qualidades essencialmente perdidas no tempo. Uma reatualização, uma reconstrução desse universo desconsiderado: um universo cíclico, interiorizado, a mulher que pode ser dinâmica, comunicativa, sincera com ela mesma e com os outros, amante, selvagem, forte, emotiva, mas sem descontroles e exageros, gestionária e respeitadora dos seus projetos.

Também alguém que sabe escutar o choro do mundo, enfim, uma mulher empática que toma posse de seus poderes num reinventar-se aberto ao inesperado, ao seu universo criativo, sabendo conciliar seu universo com o mundo real.
Perera (1985) acredita que somente a partir do momento em que a mulher entra na conexão com seus afetos e que o feminino for francamente sentido e reivindicado haverá a relação profunda com os outros. 

Nós poderemos então encontrar uma nova maneira de se relacionar baseada nos encontros profundos de almas, no companheirismo único, mudando assim as relações entre a família humana e a vida em geral. Isso só seria possível se cada um no grupo social fosse si mesmo, na sua essência.

A força da realização de si mesma vai ser encontrada no momento em que a mulher reivindica seus próprios poderes, que ela assume a posição adequada nas suas relações, tornando a alquimia da sua vida essencialmente feminina e encontrando assim um profundo amor próprio. Dentro de uma responsabilização, de um engajamento do feminino na construção de uma família humana vinculada à sabedoria da aceitação, de valorização e acolhimento de cada um como é em realidade.

BOLEN, Jean-Shinoda, « Les Femmes, l’Avenir de la Terre, Rassembler les Femmes e Sauver la Planète », Jouvence Editions, Collection Le Cercle de Vie, Genève-Bernex, CH , 2005
FELLA, Audrey, « Mélusine et l’Eternel Féminin », Editions Dervy, Paris, 2004
GRANDE, Monique, “Femmes qui se Réinventent”, Le Souffle d’Or, Gap, France , 2006
STONE, Merlin ; “When God Was a Woman”, 1993, Barnes & Noble Boocks, EUA
PERERA, Sylvia B., « Caminho para a Iniciação Feminina” Editora Paulus 3ª edição, São Paulo, 1985
PENNA, Lucy, “Dance e Recrie o Mundo, A Força Criativa do Ventre”, Summus Editorial, São Paulo, 1993
PENNA, Lucy, “Corpo Sfrido e Mal-Amado, As experiências da Mulher com o Próprio Corpo”, Summos Editorial, 3ª edição, São Paulo, 1989
SALOMON, Paule, “La Femme Solaire, La Fin de la Guerre des Sexes”, editora Albin Michel, Paris, 1995
WIGUTOV, MYRIAM, « La Rueda Púrpura » Editorial La Quimera, Buenos Aires, 2004


Anna Janaina Rodrigues Gabaça

Especialista em Arteterapia 

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