A Sociedade Matriarcal
O Feminino
À
partir do começo do século XX passamos à ter noção que a humanidade sofreu uma
grande mudança de valores desde as suas origens mais remotas. Arqueólogos,
mitologistas e historiadores como Marija Gimbutas, James Mellart, Merlin Stone,
Riane Eisler, entre outros, descobriram que a humanidade tinha uma relação
com o universo feminino desde
24.000/30.000 anos muito diferente dos 2.000 à 3.000 anos atrás. A mulher era
respeitada e adorada pelas suas qualidades femininas. Inclusive o feminino em
si era o que trazia segurança, alegria, esperança, renovação, adoração e
respeito nos agrupamentos humanos. É comum chamarmos esse período como
“matriarcal”.
Atualmente se sabe que é uma consideração
errônea, pois o “matriarcal” se refere ao domínio do sexo feminino sobre o
masculino, como o que vemos no patriarcal dos nossos tempos. Ao observar os
restos mortais desses povos e outros estudos analisados, arqueólogos chegaram à
conclusão que não havia um domínio de um sexo sobre outro. A mulher tinha seu
valor assim como o homem, e a sociedade reconhecia a importância de todos e
cada um tinha seu lugar.
Por
diversas razões, a nossa sociedade se tornou patriarcal, os valores mudaram para
uma supervalorização das qualidades do sexo masculino, as qualidades femininas
aceitas se tornaram enfraquecidas e desconsideradas. As mulheres tendo que se
adaptar ao mundo em que vivem, esqueceu quem são, seus valores. O feminino se
torna desconhecido, mesmo que ainda habite dentro de cada uma de nós. Todo esse
processo histórico resulta no fato que a mulher
se tornou um ser perdido, sofrendo dos próprios movimentos internos que
não encontram espaço na sociedade para existir. Muitas vezes ela se adapta em
adotando atitudes masculinas para sobreviver e se afirmar.
Um
grupo de mulheres representa uma
possibilidade de re-apropriação dessas qualidades essencialmente perdidas no
tempo. Uma reatualização, uma reconstrução desse universo desconsiderado: um universo
cíclico, interiorizado, a mulher que pode ser dinâmica, comunicativa, sincera
com ela mesma e com os outros, amante, selvagem, forte, emotiva, mas sem
descontroles e exageros, gestionária e respeitadora dos seus projetos.
Também
alguém que sabe escutar o choro do mundo, enfim, uma mulher empática que toma
posse de seus poderes num reinventar-se aberto ao inesperado, ao seu universo
criativo, sabendo conciliar seu universo com o mundo real.
Perera
(1985) acredita que somente a partir do momento em que a mulher entra na conexão
com seus afetos e que o feminino for francamente sentido e reivindicado haverá
a relação profunda com os outros.
Nós poderemos então encontrar uma nova
maneira de se relacionar baseada nos encontros profundos de almas, no companheirismo
único, mudando assim as relações entre a família humana e a vida em geral. Isso
só seria possível se cada um no grupo social fosse si mesmo, na sua essência.
A
força da realização de si mesma vai ser encontrada no momento em que a mulher
reivindica seus próprios poderes, que ela assume a posição adequada nas suas
relações, tornando a alquimia da sua vida essencialmente feminina e encontrando
assim um profundo amor próprio. Dentro de uma responsabilização, de um
engajamento do feminino na construção de uma família humana vinculada à
sabedoria da aceitação, de valorização e acolhimento de cada um como é em
realidade.
BOLEN,
Jean-Shinoda, « Les Femmes, l’Avenir de la Terre, Rassembler les Femmes e
Sauver la Planète », Jouvence Editions, Collection Le Cercle de Vie,
Genève-Bernex, CH , 2005
FELLA, Audrey, « Mélusine et l’Eternel
Féminin », Editions Dervy, Paris, 2004
GRANDE,
Monique, “Femmes qui se Réinventent”, Le Souffle d’Or, Gap, France , 2006
STONE, Merlin ; “When
God Was a Woman”, 1993, Barnes & Noble Boocks, EUA
PERERA, Sylvia
B., « Caminho para a Iniciação Feminina” Editora Paulus 3ª edição, São
Paulo, 1985
PENNA, Lucy,
“Dance e Recrie o Mundo, A Força Criativa do Ventre”, Summus Editorial, São
Paulo, 1993
PENNA, Lucy,
“Corpo Sfrido e Mal-Amado, As experiências da Mulher com o Próprio Corpo”,
Summos Editorial, 3ª edição, São Paulo, 1989
SALOMON, Paule,
“La Femme Solaire, La Fin de la Guerre des Sexes”, editora Albin Michel, Paris,
1995
WIGUTOV, MYRIAM,
« La Rueda Púrpura » Editorial La Quimera, Buenos Aires, 2004
Anna Janaina Rodrigues Gabaça
Especialista em Arteterapia
Nenhum comentário:
Postar um comentário