terça-feira, 16 de setembro de 2014

A Feminilidade & Freud

"Feminilidade" 

(Sigmund Freud, Conf. XXXIII, Vol. XXII, 1932/33)

                                             

Freud esclarece que a psicanálise não está em busca de descrever o que é a mulher, mas sim descobrir como a mulher se forma e como se desenvolve desde criança. Descreve a menina como sendo menos agressiva, auto-suficiente e desafiadora que os meninos, mostrando-se mais dependente pelo fato de sentir mais necessidade de obter carinho. Freud relaciona esta dependência e bondade da menina ao fato de ela aprender mais facilmente a controlar as excreções.

Freud discorre em seu texto sobre as diferenças anatômicas do homem e da mulher, atentando para o fato de que partes do aparelho sexual masculino aparecem também na mulher de modo atrofiado e vice versa. Isso é considerado por ele como bissexualidade. Há uma idéia de que todo ser humano é bissexual.

Freud pontua que as meninas devem passar por duas tarefas: 1) fazer a troca de zona erógena. 2) Fazer a troca de objeto. Na primeira, o que ocorre é a mudança da sensibilidade e importância do clitóris para a vagina. Durante a fase fálica, o clitóris é a principal zona erógena. No entanto, com a mudança para a feminilidade, é esperado que essa troca ocorra. Na segunda tarefa, ocorre a mudança de objeto de amor para a menina, sendo que este amor é transferido da mãe para o pai. Esse afastar-se da mãe na menina é um ato que está envolto de hostilidade, a menina passa a apresentar diversas queixas e acusações contra a mãe, o que comprova este sentimento hostil. As mais intensas frustrações ocorrem durante o período fálico quando a mãe proíbe a menina de praticar atividades masturbatórias com seus genitais, atividade esta que ela mesma iniciou na criança a partir de seus cuidados maternos. Portanto, o primeiro objeto de amor tanto para as meninas quanto para os meninos é a mãe. Contudo, durante a fase do Complexo de Édipo, a menina tem o pai como objeto de amor e é esperado que durante o seu desenvolvimento ela faça uma troca de objeto; do pai para sua escolha objetal definitiva.

Outra questão importante afirmada por Freud em relação à hostilidade da menina para com sua mãe é o fato de as meninas responsabilizarem as mães pela falta de pênis nelas. Nesse momento, ao verem os genitais do outro sexo, surge o Complexo de Castração. As meninas, então, sentem-se injustiçadas e passam a sentir “inveja do pênis”.

Com a descoberta de que é castrada e a partir das duas tarefas executadas pela menina, surgirá três caminhos possíveis:
                                     
1) inibição sexual ou neurose – baseado no recalcamento da sexualidade. Aqui, a menina consegue obter prazer da excitação do clitóris e manteve essa atividade em relação aos seus desejos sexuais dirigidos à mãe, os quais, muitas vezes são ativos. Devido a sua influência da inveja do pênis, ela perde este prazer que ela obtinha. Seu amor próprio é modificado pela comparação com o pênis e como conseqüência disso, ela renuncia à satisfação masturbatória derivada do clitóris, repudia seu amor pela mãe ao descobrir que esta também é castrada, e ao mesmo tempo reprime grande parte de suas inclinações sexuais em geral.

2) modificação do caráter; complexo de masculinidade - A menina apega-se à sua atividade clitoridiana e refugia-se numa identificação com sua mãe fálica ou com seu pai. A essência deste processo é que evita-se a afluência da passividade que abre caminho à mudança rumo à feminilidade.

3) feminilidade – alcançada no momento em que a mulher tem um filho homem. Desejo da menina de ter um filho do pai, este filho será como um substituto do pênis que a mulher não possui. Dessa forma, a feminilidade é atingida.





fonte: http://monitoriapsicanalisesp.blogspot.com.br/2010/11/feminilidade-sigmund-freud-conf-xxxiii.html


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